Write it down

14:50

Como é do conhecimento geral, pelo menos do meu, eu já tive um blogue. E gostei muito. Num certo momento deixei de o sentir íntimo e quando isso aconteceu pareceu-me deixar de o sentir totalmente conforme e fiel.
 
A verdade é que escrever é pôr a cru muito do que sou. O desejo de escrever e ser lida (e mais, entendida, que ler até sabem ler, mas não entendem nada) contrasta grandemente com a urgência de manter o meu recato de modo a manter-me guardada e protegida na minha esfera privada impenetrável pelo julgamento.
 
Mais, e caminhava ontem para o escritório do João (nem é bem um escritório, nem é do João!) e pensava na life e em mim, quer se queira quer se não, o eu é sempre catalisador de um grande número de pensamentos. Se eu não me conheço como me posso dar a conhecer? Ah e tal?! Não te conheces, Filipa? Jura!? Vais dizer que voltaste aos quinze anos para descobrir quem és tu?! Nãaaaao. Hellooo. De mim conheço o que vivi e não me esqueci, o que pensei e não esqueci, e, no máximo a minha imagem, reflectida, porque os meus olhos nunca os poderei ver (está-me a passar uma imagem macabra pela mente, de arrancar um olho à vez para lhe topar a pinta! Afinal, vide post anterior, ao jeito do Zafon há aqui alguma obscuridade). Então se toda a minunciosa engenharia biológica que faz do meu corpo qualquer coisa capaz é me inteiramente desconhecida a mim que sou sua proprietária, se há pele twenty-four seven agarrada a mim que não conheço. O que é que posso mostrar de mim que possa passar a minha própria triagem do que posso dar a conhecer sem deixar de ser suficientemente boa para admirar?!
 
Let's write this shit down.

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