Amar pelos dois

12:53

Este festival da Eurovisão é o primeiro da minha vida. E começa bem, feliz ou infelizmente, não tive oportunidade de assistir a esta semi-final live. Dado o sucesso do conhecimento público procurei, clandestinamente, pôr me a par do que se passou, afinal, em Kiev. 

Não consegui ver tudo. Vi o primeiro número. Sim senhor, um sueco que é uma brasa, a dançar à la Backstreet Boys, com quatros rapazes menos giros (feios, até) mas que juntos nos proporcionam o efeito cheerleader no masculino. Achei bem, faz falta.

Saltei para a apresentação portuguesa, Amar pelos dois, e foi óbvio para mim que tinha que escrever sobre o assunto. Eu já conhecia o Salvador, salvo seja. Em 2009 (onde vais?!) assisti ao ídolos e declarei-me fã. Verdade. Não fã ao ponto de ligar para votar no rapaz (na altura ainda não tinha esse tipo de largueza orçamental. Não que agora tenha! Ou que não ache o dinheiro mais inutilmente gasto! Adiante!), mas fã. Havia qualquer coisa nele, a personalidade, a forma magnífica como transmitia os sentimentos em palco. Eu já falei sobre isto, para mim a arte, em qualquer dialecto, fala mais alto. Fala mesmo, é na arte que nos revelamos, que nos cai a máscara, que nos conhecemos. No palco, com 19 anos o Salvador era autêntico. Passados estes anos, volta e meia ainda vou (ía, tenho ido) ao YouTube rever as actuações do rapaz. Mas nunca mais soube nada dele. Como ninguém soube, suponho. A vida pública tem destas coisas, és Deus, não és ninguém. E eis que regressa, cheio de mexericos enigma e mistério. Sexo, drogas e rock'n 'roll. Um percurso, suponho. Parece mais autêntico. Para muitos, se não todos, a vida não é uma linha recta, pára, recomeça, esquerda, direita. Sonha, vive, respira. Sente. E não sei, nem me interessa, o que fez o rapaz nestes anos, mas agora canta um poema em que a sua voz, o seu corpo, a sua solidão no palco me diz, me convence, me faz sentir que é capaz de amar pelos dois, no nó no estômago e aperto no peito que já senti, sentimos todos, ele canta, declama!, "pára tudo, não me largues, eu amo pelos dois, eu luto pelos dois"! Ele implora o amor, eu já me vi rastejar. E não vivo o momento outra vez, mas partilho do momento do Salvador, sou solidária com ele, deixo-me levar com ele ao que parece ser o fim de um caminho.





Este fim de semana, este caneco é nosso (e, esperamos, o do SLB também - dá-me igual -  mas isso são outros quinhentos!).

P.S.: Ontem o Sebastião não adormecia. Viemos os dois para a sala, deitámos-nos no sofá, com a luz apagada, esta música a tocar uma e outra vez, a iluminar-nos e a preencher o silêncio. O meu bebé contra mim, aninhado neste calor único, nosso. Cresce, mas devagar.

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